terça-feira, 15 de abril de 2014

Tropeirismo

ORIGEM DO TROPEIRISMO NO BRASIL

O Brasil, descoberto em 1500, era habitado por índios que tinham uma cultura rudimentar e se alimentavam da caça, da pesca, de frutos e alguns produtos cultivados na terra.

Em 1549, chegaram a Bahia, seus missionários jesuítas liderados por Manuel de Nóbrega para ensinar as verdades do Cristianismo aos nativos da terra brasileira. Tinham a missão de converter os índios ao catolicismo.

Esses missionários trouxeram as primeiras cabeças de gado que deram origem ao rebanho existente atualmente.



ORIGEM DA PALAVRA TROPEIRISMO

A palavra tropeiro vem de tropa, numa referencia aos homens que, em grupo, transportavam o gado de uma região para outra ou ainda, transportavam mercadorias, usando o gado como meio de transporte, na época do Brasil Colônia.

Tropeirismo (condução de animais soltos ou de mercadorias em lombos de animais arriados).



O GADO COMO MEIO DE TRANSPORTE

O gado como meio de transporte foi usado:

a) no ciclo do açúcar – entre os séculos XVI e XVII quando várias regiões do interior nordestino se dedicaram a criação de animais para comercialização com os senhores de engenho;

b) época da mineração – final do século XVII e início do século XVII. A corrida da população pela exploração das minas com a descoberta do ouro e dos diamantes e a dedicação quase exclusiva pela procura de minerais, gerou uma grave crise de fome, nessas regiões, pois sonhavam com a riqueza mineral sem se preocupar com o cultivo de terra.

Surgiu então um comércio, onde tanto eram transportados no lombo dos animais os produtos manufaturados que chegavam de Portugal, quanto os gêneros agrícolas.

Vê-se a importância do tropeiro para o comércio e abastecimento das regiões mineradoras.

A formação de cidades e vilas e de uma elite nessas regiões, aumentou a necessidade de animais, tanto para as atividades locais como para o transporte.

A riqueza gerada pela mineração estimulou muitas atividades urbanas paralelas e reforçou o trabalho dos tropeiros que transportavam todos os produtos necessários ao bem estar da população assim como desempenharam o papel de mensageiros.



O GADO NO SUL DO BRASIL

No início do povoamento brasileiro a América era dividida pelo Tratado de Tordesilhas e as terras que hoje compõem o Estado do RS, pertenciam a Espanha e não tinha bandeira definida, até início do século XVII e era habitada por índios guaranis.

Com a chegada dos missionários , padre jesuítas em 1687 e a fundação das Missões, a região passou a oferecer mais atrativos:

- o índio que podia ser escravizado
- o gado que na época era de forma extensiva e solto nas pradarias, para alimentar os índios

Várias expedições de bandeirantes paulistas atacaram a região em busca do gado.
Foram os Missionários que provocaram as primeiras atividades tropeiras no Brasil e no sul da América. Incentivariam os transportes de animais e de mercadorias entre as regiões missioneiras.
Foram eles também que descobriram alguns passos de travessia de rios com os de Yapeyú e Mborore no Rio Uruguai e Iguaçu.

O tipo social principal deste período, o tropeiro, era o chefe de um grupo armado, pois tinham de arrebanhar o gado solto (em currais ou invernadas) para transportá-los até São Paulo, pagando impostos nos registros onde se exercia o fisco da Coroa.

Nas Feiras de Sorocaba, vendiam o gado para outros tropeiros que realizavam o transporte até Minas Gerais. O transporte feito no lombo dos animais foi fundamental devido a dificuldade aos acidentes geográficos da região.

Assim, começaram a surgir as primeiras vias de comunicação, estradas, do Rio Grande do Sul, estrada do litoral em 1703 e estrada da serra e, 1727.

A Coroa Portuguesa considerou conveniente ocupar esse território ao sul e iniciou o processo de distribuição de terras sob a forma de sesmarias.

A primeira sesmaria foi concedida no RS, em 1732, ao lagunista Manuel Gonçalves Ribeiro, na Parada das Conchas, em Tramandaí.

Em 1737, a expedição do Brigadeiro José da Silva Paes fundou a fortaleza de Jesus Maria e José em Rio Grande, posto militar avançado, e em 1741 a fundação da Capela Grande de Viamão.

E, assim foram sendo entregues as sesmarias e surgindo as estâncias que realizavam a criação de gado, de forma extensiva, utilizando como mão de obra os peões, que eram os comandados dos tropeiros ou índios egressos das missões. Viamão tornou-se um dos principais centros de comércio e formação das tropas com destino a São Paulo.

No final do século XVIII, com a decadência das minas, deu-se um retraimento da procura de animais para corte e transporte, mas a economia sulina não se abateu porque dois novos produtos gaúchos começaram a se destacar:

- o charque com a expansão das charqueadas
- o trigo que começou a ser cultivado com a chegada dos açorianos
O charque e o trigo começaram a ser exportados para o resto do país, dando impulso a economia gaúcha.



MODO DE VIDA DOS TROPEIROS

Os tropeiros usavam chapéu, poncho e botas para se protegerem das intempéries, dos animais bravos e da matas por onde passavam.

Sua alimentação era simples e de fácil preparo constituída por feijão preto, toucinho, carne de sol, farinha, pimenta-do-reino, café, fubá.

Até hoje usamos o feijão tropeiro (feijão quase sem caldo com pedaços de carne de sol e toucinho)

Bebidas alcoólicas não eram permitidas, somente em ocasiões especiais. Usavam a cachaça como remédio para picada de insetos e nos dias muito frio tomavam um gole para evitar resfriado.

Carregavam os apetrechos e alimentos necessários em bolsões de couro nos animais de carga.

Os tropeiros procuravam seguir o curso dos rios ou atravessar áreas mais abertas, os campos gerais; as viagens envolviam várias semanas, no retorno procuravam trazer alguma novidade como no caso do Conto de Érico Veríssimo em que Ana Terra ganhou um espelho do irmão.

Ao final de cada dia, paravam para pernoitar e descansar os animais, sempre perto de um rio ou fonte de água.

Acendiam o fogo que tanto servia para espantar os animais indesejados, para iluminar o ambiente como para preparar os alimentos e se aquecerem nas noites frias.

Depois construíam uma tenda com os couros que serviam para cobrir a carga dos animais reservando alguns para proteger o chão onde dormiam sobre os arreios. Chamavam de “ENCOSTO” o pouso em pasto aberto e “RANCHO”, quando já havia um abrigo construído.

Ao longo dos tempos os principais pousos foram se transformando em povoações e vilas. Foram surgindo os bolichos de campanha que se abasteciam dos tropeiros e mais tarde dos mascates e, lhes forneciam algum produto necessário.

Dezenas de cidades em São Paulo e no interior da Região Sul tiveram sua origem na atividade do tropeirismo, entre elas podemos destacar:

a) Silveiras – surgiu a partir de um rancho de tropeiros instalado nesse local pelos Silveira e sua origem está ligada além dos Silveira aos nomes de Francisco Guedes da Siqueira e o Capitão Ventura José de Abreu.

Situa-se na região do médio Paraíba Paulista entre as cidades de Lorena e a divisa do Rio de Janeiro. É uma região montanhosa, diferente do restante do Vale do Paraíba, conhecida atualmente como “Portal do Vale Histórico”.

O Decreto de 9 de novembro de 1830 criou a Freguesia do Bairro dos Silveiras, instalando a Paróquia Nossa Senhora da Conceição dos Silveiras.

Em 28 de fevereiro de 1864 tornou-se cidade e em 1888 comarca.

Silveiras se destacou por sua participação na Revolução Liberal de 1842 e na Revolução Constitucionalista de 1932.

Teve um grande desenvolvimento com a cultura do café e mais ou menos por dois séculos foi um ponto de cruzamento de tropeiros que iam de São Paulo para o Rio de Janeiro e de Minas Gerais para o litoral fluminense.

Perdeu a importância com a abertura da estrada de ferro.

A cidade possui edifícios históricos como:

- A cadeia projetada por Euclides da Cunha
- A Casa Paroquial
- O Quartel General da Revolução de 1842
- O Grupo Escolar onde, hoje, está instalada a FUNDAÇÃO NACIONAL DO TROPEIRISMO que ensina nas escolas a história desse movimento e seus moradores se orgulham da sua origem histórica e acolhem carinhosamente seus visitantes.

Com o progresso do artesanato, o tropeiro Nenê Emboava construiu um rancho de sapé para servir feijão tropeiro e acontece a FESTA DO TROPEIRO.

A Fundação Nacional do Tropeirismo está instalada num casarão do século passado e resgata a história dessa tão importante atividade. Nesse mesmo prédio está instalado um restaurante com saborosa comida tropeira e funciona também uma pousada.

Outras cidades que se originaram do tropeirismo ou tiveram importância nessa atividade.

Resende – Rio de Janeiro
Sorocaba – São Paulo
Bananal

São municípios integrantes, a partir de maio de 2003, da nova rota turística do Paraná:

- Rio Negro
- Campo Tenente
- Lapa
- Porto Amazonas
- Balsa Nova
- Campo Largo
- Palmeira
- Ponta Grossa
- Carambeí
- Castro
- Tibagi
- Telêmaco Borba
- Pirai do Sul
- Arapoti
- Jaguariúva
- Sengles

É um projeto resultante de uma parceria entre Secretaria de Estado de Turismo, o Sebrae-PR e a Associação dos Municípios de Campos Gerais (Amcg) em comemoração aos 300 anos da formação dos Campos Gerais.

Esses municípios têm em comum a cultura deixada pelo tropeirismo e oferecem aos turistas belas paisagens, gastronomia regional, história riquíssima, artesanato diferenciado, lugares pitorescos e alguns ainda oferecem opções para a prática de esportes de aventura como o rafting.

Já fazem para dos Campos Gerais dois importantes pontos turísticos do Paraná: Vila Velha e Canyon Guartela.

A origem do nome Campos Gerais é devido aos extensos campos limpos e capões isolados de floresta de ombrófila, mista onde aparece o pinheiro de araucária e eram ponto obrigatório de paisagem dos tropeiros que se dirigiam com as tropas de mulas e gado de abate do RS para São Paulo e Minas Gerais.

O primeiro povoamento dos Campos Gerais deu-se em 1704 com a inauguração da Sesmaria de Sant´Ana do Iapó de Almeida.

- Laguna – Santa Catarina
- Viamão
- Santo Antonio da Patrulha
- Vacaria
- Rio Pardo
- Julio de Castilhos
- Pelotas
- Lagoa Vermelha
- Passo Fundo

Fonte: http://mtg.org.br

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