terça-feira, 1 de abril de 2014

Lendas do Chimarrão

Existem muitas lendas contando como
foi que começou o uso da erva mate.
Destas descrevemos algumas: 


Primeira lenda

Era sempre assim: a tribo derrubava um pedaço de mata, plantava a mandioca e o milho, mas depois de quatro ou cinco anos a terra se exauria e a tribo precisava emigrar à terra além. Cansado de tais andanças, um velho índio um dia se recusou a seguir adiante e preferiu quedar-se na tapera. A mais jovem de suas filhas, a bela Jary, ficou entre dois corações: seguir adiante, com os moços de sua tribo, ou ficar na solidão, prestando arrimo ao ancião até que a morte o levasse. Apesar dos rogos dos moços, terminou permanecendo junto ao pai. Essa atitude de amor mereceu ter recompensa. Um dia chegou ao rancho um pajé desconhecido e perguntou a Jary o que é que ela queria para se sentir feliz. A moça nada pediu. Mas o velho pediu: “Quero renovadas forças para poder seguir adiante e levar Jary ao encontro da tribo que lá se foi”.
Entregou-lhe o pajé uma planta muito verde, perfumada de bondade, e ensinou que ele plantasse, colhesse as folhas, secasse ao fogo, triturasse, botasse os pedacinhos num porongo, acrescentasse água quente ou fria e sorvesse esta infusão.
“Terás nessa nova bebida uma companhia saudável mesmo nas horas tristonhas da mais cruel solidão”. Dada a receita, partiu. Foi assim que nasceu e cresceu a caá-mini. Dela resultou a bebida caá-y que os brancos mais tarde adotaram com o nome de chimarrão.
Sorvendo a verde seiva o ancião retemperou-se, ganhou força, e pôde empreender a longa viagem até o reencontro com os seus.
Foram recebidos com a maior alegria e toda tribo adotou o costume de beber da verde erva, amarguenta e gostosa, que dava força e coragem e confortava amizade mesmo nas horas tristonhas da mais total solidão.

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Segunda lenda

Lenda dos índios guaranis do sul do Brasil narra o surgimento da erva-mate, com a qual se prepara o tradicional chá. Diz a lenda que o índio Jaguaretê foi expulso de sua tribo por ter matado sem culpa um outro índio e que depois de caminhar muitos dias e noites, quase desfalecido de cansaço caiu perto de uma árvore desconhecida. Durante o seu sonho a deusa Caalari (deusa protetora das ervas) lhe ensinou a preparar uma bebida das folhas da árvore e graças a este chá ele se recuperou e ficou forte e saudável. Visitado muito tempo depois pelos índios de sua antiga aldeia, Jaguaretê ofereceu-lhe o chá de erva-mate, o que lhe permitiu voltar a tribo para ensinar a preparar a bebida para toda a aldeia, difundindo assim o chá por toda a região.

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Terceira lenda

Conta-se que Deus, acompanhado por São José e São Pedro, em uma longa jornada, pediu pousada na casa de um índio, já velhinho e muito pobre, que tinha como único bem, uma jovem e linda filha. O bom índio acolheu os incógnitos visitantes com carinho e hospitalidade. Querendo recompensá-lo, Deus disse ao ancião: – Vou premiá-lo pela generosidade de sua acolhida, tornando imortal, sua bela e inocente filha, a quem você quer tanto. E assim, Caá-Yari, a jovem guarani, foi transformada na árvore da erva-mate, que desde então existe e por mais que a cortem, sua folhagem volta a brotar e a florir sempre mais vigorosa, permanecendo eternamente jovem. Caá-Yari tornou-se a deusa dos ervais protegendo suas selvas, favorecendo os ervateiros, abreviando seus caminhos, diminuindo-lhes o peso dos feixes e mitigando-lhes a árdua e cansativa jornada de trabalho nos ervais.

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