A terceira questão do nosso simulado, é sobre a História do Brasil. Confira:
Foi o maior conflito armado
internacional da América do Sul, se estendendo de 1864 a 1870. Nesta
guerra, que contou com forte influência da Inglaterra, morreram cerca de
300 mil pessoas, tanto civis quanto militares.
a) Revolução Farroupilha;
b) Revolução Federalista;
c) Guerra do Paraguai;
d) Guerra de Canudos;
e) Guerra Guaranítica.
A resposta correta é a "C"
A Guerra do Paraguai foi o maior confronto da história da América do Sul e foi travado desde finais de 1864 até 1870. Essa guerra mobilizou Brasil, Argentina e Uruguai em aliança contra o Paraguai
por questões de interesse político, territorial e econômico na região
da bacia platina. O saldo desse conflito foi desastroso de diferentes
maneiras para os lados envolvidos: o Brasil saiu com sua economia em
crise e com alto endividamento e o Paraguai foi arrasado pela guerra.
Debates historiográficos: a Guerra do Paraguai pelos historiadores
A Guerra do Paraguai é um dos assuntos de
maior complexidade e que gerou grande polêmica dentro da historiografia.
Atualmente, a compreensão que se tem dessa guerra é completamente
diferente da que existia em meados da década de 1990. A nova compreensão
sobre esse conflito decorreu de estudos recentes realizados por
historiadores paraguaios e brasileiros que tiveram acesso a uma ampla
documentação, até então não analisada.
Ao longo do tempo, três interpretações (os historiadores chamam isso de historiografia)
acerca do conflito popularizaram-se em diferentes momentos no Brasil, e
a atual é a mais completa delas. As diferentes historiografias a
respeito dessa guerra são a tradicional, a revisionista e a pós-revisionista ou nova historiografia.
A historiografia tradicional
apontava a guerra única e exclusivamente como resultado da megalomania
de Solano López, ditador do Paraguai, e desconsiderava uma série de
eventos relevantes no contexto geopolítico da bacia platina. Essa
historiografia foi muito comum no Brasil no início do século XX até a
década de 1960, aproximadamente.
A historiografia revisionista
foi muito conhecida no Brasil na década de 1960 até meados da década de
1990. Segundo essa historiografia, o Paraguai era um modelo de
desenvolvimento autóctone (nativo) e único na bacia do Prata. Isso
desagradaria à Inglaterra, que, para sujeitar o Paraguai ao capitalismo
inglês, manipulou Brasil e Argentina para que guerreassem e destruíssem o
modelo econômico do Paraguai.
Hoje essa historiografia é considera pelos historiadores como ultrapassada e imprecisa, pois ignora diversos fatos do contexto platino e é muito criticada por não possuir comprovação documental. Os novos estudos foram realizados de maneira pioneira por historiadores paraguaios e brasileiros, entre os quais se destacam Juan Carlos Herken Krauer, Maria Isabel Gimenez de Herken, Ricardo Salles e Francisco Doratioto.
O Paraguai no século XIX
Estudos mais recentes comprovam que o Paraguai não era
uma nação desenvolvida, fato diferente do que era apresentado pelos
historiadores décadas atrás. Governado por ditadores durante décadas, o
Paraguai ficou isolado do restante do mundo por um longo período. Esse
isolamento paraguaio é explicado pelo fato de Buenos Aires não ter
aceito a independência e a separação do país do que havia sido o
Vice-Reino do Rio da Prata.
Essa política de isolamento do Paraguai havia sido imposta no começo do século XIX pelo ditador José Gaspar Rodríguez de Francia
e foi vista por ele como a melhor forma de garantir a independência
paraguaia. Essa medida somente foi revogada durante o governo de Carlos Antonio López, que manteve, no entanto, o governo ditatorial.
Carlos Antonio López era pai de Francisco
Solano López, ditador que assumiu o Paraguai em 1862 quando seu pai
faleceu. Solano López manteve o governo ditatorial que havia sido a
marca do Paraguai desde sua independência. Durante os governos dos
López, esse país passou por um pequeno processo de modernização, no
entanto, segundo o historiador Francisco Doratioto, essa modernização resumiu-se aos meios militares e não alcançou outras áreas do Paraguai|1|.
Essa modernização dos meios militares foi
realizada sobretudo a partir de negociações feitas com a Inglaterra, com
a aquisição de armamentos ingleses e o envio de técnicos ingleses ao
Paraguai para treinar os exércitos locais e desenvolver uma
infraestrutura relacionada a essa área. Acerca disso, segue o comentário
de Doratioto:
É
fantasiosa a imagem construída por certo revisionismo histórico de que o
Paraguai pré-1865 promoveu sua industrialização a partir “de dentro”,
com seus próprios recursos, sem depender dos centros capitalistas, a
ponto de supostamente tornar-se ameaça aos interesses da Inglaterra no
Prata. Os projetos de infraestrutura guarani foram atendidos por bens de
capital ingleses e a maioria dos especialistas estrangeiros que os
implementaram era britânica.
[…]
Também é equivocada a apresentação do Paraguai como um Estado onde
haveria igualdade social e educação avançada. A realidade era outra e
havia uma promíscua relação entre os interesses do Estado e os da
família López, a qual soube se tornar a maior proprietária “privada” do
país enquanto esteve no poder|2|.
O governo ditatorial de Solano López foi
marcado pela perseguição aos seus opositores – muitos deles foram
mortos, presos ou obrigados a fugir para Buenos Aires. Além disso, não
havia um congresso que funcionasse de maneira contínua e independente e o
judiciário funcionava para atender aos interesses pessoais do ditador
do país. Assim, na prática, a única voz de autoridade existente no
Paraguai era do próprio Solano López.
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Causas
A Guerra do Paraguai resultou das
contradições e das disputas que eram travadas pelas nações no quadro
geopolítico da segunda metade do século XIX. Longe de ter sido
causado pela Inglaterra, existem evidências de que os ingleses tentaram
evitar o início desse conflito. Além disso, Brasil e Inglaterra
mantiveram relações cortadas de 1862 a 1865 como desdobramento da Questão Christie.
Na segunda metade do século XIX, as nações
platinas estavam consolidando-se institucionalmente, com isso, havia
uma série de questões fronteiriças em disputa. O Paraguai buscava
reforçar sua posição regional como terceira potência e disputava
territórios fronteiriços com Brasil e Argentina.
A Argentina, liderada por Bartolomé Mitre, procurava consolidar seu território, impedir maiores fragmentações territoriais e derrotar os rebeldes federalistas das províncias de Entre Ríos e Corrientes. O Uruguai vivia anos de turbulência por causa da guerra civil travada entre as facções políticas blancos e colorados. Já o Brasil buscava reforçar sua posição de potência e garantir a livre navegação da bacia platina.
A situação na região entre as quatro
nações começou a tomar rumos complicados a partir de 1862. Nessa data,
Solano López assumiu como presidente paraguaio e tratou de estreitar
relações com o movimento federalista que lutava contra o governo de
Buenos Aires. Essa aproximação entre paraguaios e federalistas
argentinos possibilitou a ligação do Paraguai com os blancos uruguaios.
A aproximação do Paraguai com os blancos, que governavam o Uruguai com o presidente Bernardo Berro, propiciava aos paraguaios a utilização do porto de Montevidéu como alternativa de acesso ao mar. Os blancos uruguaios, por sua vez, travavam uma guerra contra uma facção política local conhecida como colorados. Os colorados tinham o apoio do governo argentino de Mitre, pois os blancos eram aliados dos federalistas – inimigos do governo argentino.
Os colorados eram liberais e
defensores do livre comércio e da livre navegação nos rios da região
platina. Esses princípios eram os mesmos defendidos pelo governo
brasileiro naquele momento, sobretudo a livre navegação
que era vital para que o governo central mantivesse contato com a
província do Mato Grosso (na época, a única maneira de chegar a Cuiabá
era navegando pelos rios da bacia platina). Assim, havia uma aproximação
ideológica entre o Brasil e os colorados.
A partir de 1863, o governo brasileiro, pressionado pelos estancieiros gaúchos, realizou uma política de intervenção na Guerra Civil Uruguaia pelo lado dos colorados. A atitude brasileira tinha como pretexto a reparação contra agressões feitas por blancos contra cidadãos brasileiros no Uruguai. A Argentina apoiava a intervenção brasileira em favor dos colorados, mas não se envolveu diretamente.
O interesse brasileiro de interferir nesse conflito uruguaio, a partir do apoio aos colorados, desagradou fortemente Solano López, aliado dos blancos. Solano López recebia informes dos acontecimentos da Guerra Civil Uruguaia por meio de representantes radicais dos blancos,
os quais convenceram-no que a ação brasileira visava a interesses
anexionistas e que a próxima nação alvo desse expansionismo era o
Paraguai. O Brasil, no entanto, não possuía interesses expansionistas, já que estava voltado unicamente a questões econômicas, visando garantir os negócios de brasileiros no Uruguai e destituir os blancos fortemente antibrasileiros.
Ao ser convencido incorretamente de que o
Brasil representava uma ameaça à soberania do Paraguai, Solano López deu
um ultimato ao governo brasileiro, em agosto de 1864, para que este não
interviesse nos assuntos uruguaios. O governo brasileiro ignorou as
advertências paraguaias e, em setembro do mesmo ano, invadiu o Uruguai
em apoio aos colorados. A invasão brasileira destituiu o governo blanco e colocou os colorados no poder com Venancio Flores na presidência do Uruguai.
A essa altura, o Paraguai já possuía um
enorme exército preparado para entrar em ação. Assim, como represália à
invasão do Uruguai pelo Brasil, o Paraguai aprisionou uma embarcação
brasileira que navegava pelo rio Paraguai – o Marquês de Olinda – e invadiu o Mato Grosso em dezembro de 1864.
A entrada da Argentina no conflito ocorreu quando as tropas paraguaias, com o objetivo de socorrer os blancos
uruguaios, invadiram o território argentino. Essa invasão aconteceu
porque o presidente Mitre não autorizou a passagem das tropas paraguaias
pelo território argentino, que rumavam em direção ao Rio Grande do Sul.
Com isso, Brasil, Argentina e Uruguai – agora governado pelos colorados – reuniram-se em uma aliança contra o governo paraguaio.
|1| DORATIOTO, Francisco. Maldita Guerra: nova história da Guerra do Paraguai. São Paulo: Companhia das Letras, 2002, p. 29.
|2| Idem, p. 29-30.
|2| Idem, p. 29-30.
fonte: www.brasilescola.uol.com.br
Para saber mais sobre os seguintes assuntos clique sobre o nome da revolução desejada.
Revolução Farroupilha
Revolução Federalista
Guerra de Canudos
Guerra Guaranítica.
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