Toda a tribo tinha partido para a guerra. Mas um homem, por causa de
sua idade avançada, teve que permanecer. E ele ficou chorando no alto de
uma colina, vendo os jovens guerreiros partirem. Ele se lembrava de
quando era um valente guerreiro e como, agora, estava fraco e envelhecido. Sua única alegria era sua filha Iari, que já tinha recusado
muitos pedidos de casamento para ficar ao lado do velho pai...
Um dia, chegou ao rancho do velho guarani, um
viajante estranho, com roupas coloridas e olhos lembrando o azul do céu
longínquo. O velho logo percebeu que o homem vinha de muito longe e
recebeu o viajante com amizade. Iari foi buscar os melhores frutos da
floresta e o mel mais doce das abelhas. O velho índio com os olhos
cerrados para lembrar-se melhor das histórias de um mundo afastado no
tempo, recordava episódios de sua mocidade. Tudo era feito para que as
horas que o estrangeiro passasse naquele rancho fossem agradáveis. No
outro dia, com o sol raiando, o viajante já estava pronto para partir.
Dirigiu-se então ao velho índio e disse:
- Você é uma pessoa muito boa. E a sua bondade
merece ser recompensada. Eu sou um mensageiro de Tupã, espírito do bem.
Pede o que quiseres e eu lhe darei.
- Nada mereço pelo que fiz, senhor! - respondeu o
guarani. Mas gostaria de um companheiro para a minha velhice, para que
minha filha Iari possa casar e formar sua própria família. E só o que eu
peço: um amigo fiel que fique comigo e me dê ânimo.
O mensageiro de Tupã sorriu. Em sua mãos brilhava uma planta repleta de folhagens verdes.
O viajante entregou a planta ao velho e disse:
- Deixa crescer esta planta e bebe de suas folhas
que você terá o companheiro que tanto deseja. Esta erva traz em si a
força de Tupã e trará conforto para todos os homens de tua tribo. E Iari
será a protetora das florestas. As caminhadas de guerra serão menos
cansativas e os dias de descanso mais felizes.
E desde então, Caá-Iari é senhora dos ervais e deusa dos ervateiros.
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