TROPEIRO DE MINHA INFANCIA (tema)
AUTORA: Jurema Chaves
AUTORA: Jurema Chaves
Guardo na moldura dos meus olhos
A imagem de um tropeiro
Velho peão carreteiro
Que tantos rastros deixou...
O meu avô foi um tropeiro
Que muito me ensinou.
Das longas prosas à tardinha
Quando a noite avizinhava
Volteando um fogo de chão,
Eu dormia de mansinho
No colo desse velhinho
Que sua história contava...
A imagem de um tropeiro
Velho peão carreteiro
Que tantos rastros deixou...
O meu avô foi um tropeiro
Que muito me ensinou.
Das longas prosas à tardinha
Quando a noite avizinhava
Volteando um fogo de chão,
Eu dormia de mansinho
No colo desse velhinho
Que sua história contava...
Exemplo de vida e lida
Esse velhito amoroso
Que me contava seus causos
Das noites fitando o céu
Guardando tropilha solta
Por debaixo do chapéu!
Um cochilo uma lembrança,
Muita saudade dos seus
Recolhida nas distâncias
Guardadas na mão de Deus!
Esse velhito amoroso
Que me contava seus causos
Das noites fitando o céu
Guardando tropilha solta
Por debaixo do chapéu!
Um cochilo uma lembrança,
Muita saudade dos seus
Recolhida nas distâncias
Guardadas na mão de Deus!
Muitas vezes esse tropeiro
Com o olhar serenado,
Lembrando o tempo passado
Das mochilas, dos cargueiros...
Do arroz de carreteiro
Do charque gordo picado,
Um chimarrão junto ao fogo
No velho poncho enrolado...
E eu o escutava em voz alta
Meu Deus, como sinto falta
Dos causos que ele contava!
Com o olhar serenado,
Lembrando o tempo passado
Das mochilas, dos cargueiros...
Do arroz de carreteiro
Do charque gordo picado,
Um chimarrão junto ao fogo
No velho poncho enrolado...
E eu o escutava em voz alta
Meu Deus, como sinto falta
Dos causos que ele contava!
Dizia-me das venturas
Dos tropeços e carreteadas...
Das noites lerdas de sono
Dos lumes dos arrebóis...
Troperiando chuvas e sóis
Pras os horizontes sem dono
E cada vez mais distante
Rastreando ao trote dos dias
Buscando o sonho longevo
Muito além das sesmarias!
Dos tropeços e carreteadas...
Das noites lerdas de sono
Dos lumes dos arrebóis...
Troperiando chuvas e sóis
Pras os horizontes sem dono
E cada vez mais distante
Rastreando ao trote dos dias
Buscando o sonho longevo
Muito além das sesmarias!
A vida, dizia-me ele -
Tem belezas infinitas
Mas também horas aflitas
Guarde contigo os conselhos
Desse velho que estradeou
Por esse pampa gaudério,
Que cresceu sobre o lombilho
De um potro corcoveador,
Desde os tempos de criança
Sem nunca perder o entono,
Fiz dos arreios meu trono
Pra te deixar essa herança!
Tem belezas infinitas
Mas também horas aflitas
Guarde contigo os conselhos
Desse velho que estradeou
Por esse pampa gaudério,
Que cresceu sobre o lombilho
De um potro corcoveador,
Desde os tempos de criança
Sem nunca perder o entono,
Fiz dos arreios meu trono
Pra te deixar essa herança!
- Desbravei tantos caminhos
Curtindo o vento pampiano
Sem refugar tempo feio
Troperiando a despacito...
No imenso rodar do tempo
Busquei a rosa-dos-ventos
Entre o sol e o luar,
Vi o progresso chegando
Vi meus cabelos branqueando
Vi prantos no meu olhar...
Curtindo o vento pampiano
Sem refugar tempo feio
Troperiando a despacito...
No imenso rodar do tempo
Busquei a rosa-dos-ventos
Entre o sol e o luar,
Vi o progresso chegando
Vi meus cabelos branqueando
Vi prantos no meu olhar...
Vi as tropeadas findando
E as velhas carretas tortas
Em tantas idas e voltas
A um museu recolhidas
Como partes repartidas
Que não mais posso buscar...
Às vezes, a ensimesmar
Vejo a tropa enfileirada
Nas auroras-madrugada
Com meu pingo a me chamar...
E as velhas carretas tortas
Em tantas idas e voltas
A um museu recolhidas
Como partes repartidas
Que não mais posso buscar...
Às vezes, a ensimesmar
Vejo a tropa enfileirada
Nas auroras-madrugada
Com meu pingo a me chamar...
Ainda ouço os soluços
O gemido das cambotas
Velhos balaios de tropas
Cangalhas sem serventia!
Pois o progresso levou
Aquela estampa bravia.
E o tempo se encarregou
De alongar os horizontes
E encurtar os meus passos...
De desbotar-me as retinas
Tirar-me a força dos braços.
O gemido das cambotas
Velhos balaios de tropas
Cangalhas sem serventia!
Pois o progresso levou
Aquela estampa bravia.
E o tempo se encarregou
De alongar os horizontes
E encurtar os meus passos...
De desbotar-me as retinas
Tirar-me a força dos braços.
É nesta moldura que vejo
Meu avô mirando os longes
A cuia aquecendo a mão.
As botas gastas de chão
Um par de esporas caladas,
No galpão dependuradas
Por desuso do garrão...
Meu avô mirando os longes
A cuia aquecendo a mão.
As botas gastas de chão
Um par de esporas caladas,
No galpão dependuradas
Por desuso do garrão...
No soluço das goteiras
E eu me vejo um piazito
Ouço a voz desse velhito
A quem devo o que hoje sou.
E por onde que ficouO velho tropeiro de outrora?
As tropas foram-se embora
O progresso as deserdou.
E eu me vejo um piazito
Ouço a voz desse velhito
A quem devo o que hoje sou.
E por onde que ficouO velho tropeiro de outrora?
As tropas foram-se embora
O progresso as deserdou.
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