quarta-feira, 1 de abril de 2020

VAMOS ESTUDAR! - QUESTÃO 10 HISTÓRIA DO PARANÁ

Olá amigos!!!

Vamos continuar com as questões para estudo?

Hoje vamos falar de CONTESTADO

Questão 10

Sobre a Guerra do Contestado, assinale "V" (para verdadeiro) ou "F" (para falso)

(    ) Foi um conflito entre Paraná e Santa Catarina, que tinha como uma de suas causas a disputa de terras;
(    ) Não havia outras causas para o conflito além da disputa de fronteiras;
(    ) Este foi o primeiro conflito brasileiro que utilizou aviões na luta armada;
(    ) O Paraná conseguiu manter o domínio de toda a região contestada, já que tinha domínio cultural e o controle dos habitantes dessa região;
(    ) Os Monges do Contestado eram figuras fortes deste período, tornando-se figuras messiânicas que prometiam glórias e redenção às pessoas mais pobres.

a) V - F - F - F - V

b) F - V - V - F - V

c) V - F - V - F - V

d) V - V - V - V - V

e) F - V - F - F - V

Vamos conhecer a resposta?


A resposta correta é "C": V - F - V - F - V

Vamos entender:

Antes de tudo, gostaria de deixar registrado aqui, que existem vários sites onde você pode encontrar conteúdo super interessante sobre o Contestado, muito das informações aqui nessa publicação foram retiradas da Apostila de Estudos do MTG - PR (clique aqui para acessar), mas também busquei informações em sites cujos links estarão no final da publicação!!


O que foi a Guerra do Contestado?

A Guerra do Contestado foi um conflito que aconteceu em uma área territorial de disputa de terras entre os estados do Paraná e Santa Catarina entre outubro de 1912 e agosto de 1916, e envolveu cerca de 20 mil camponeses, que se viram tendo que enfrentar as forças militares dos poderes estadual e federal. Esse território sofreu com muitas disputas no decorrer dos anos, tanto política quanto economicamente, pois nela era presente uma rica floresta e uma região dedicada à plantação de erva-mate. Em geral as pessoas que habitavam o lugar eram muito pobres, viviam sobre forte opressão e não possuíam nenhuma terra, além de sofrer com a excessiva escassez de alimentos.
Além disso a implantação da via ferroviária que fazia a ligação entre o Rio Grande do Sul a São Paulo contribuía para o aumento de opressão sobre esse povo carente. Além dos fazendeiros, essas pessoas ainda tinham que suportar as duas empreendedoras americanas que operavam o local.

Vamos aos tópicos:

1. Disputa territorial entre Paraná e Santa Catarina

A questão dos limites entre Paraná e Santa Catarina tem raízes nas expedições paulistas em direção ao Sul, ainda no século XVIII; permaneceu indecisa durante o império e agravou-se no fim do século XIX, disputa que era entre Brasil e Argentina, sendo que em 1895 foi dado ganho de causa ao Brasil, já sob o regime republicano. Em 1904, o Supremo Tribunal Federal deu ganho de causa às pretensões de Santa Catarina sobre a área em litígio. No entanto, a execução da sentença foi embargada, o que provocou agitação em ambos os Estados.



A maior parte dos lideres políticos do território entregue pelo judiciário a Santa Catarina negavam-se a aceitar a administração catarinense, pois acreditavam que seriam esquecidos pelo governo de Florianópolis. Este era o mesmo pensamento do governo paranaense.
Com este pensamento lideres politicos catarinenses e paranaenses decidiram formar um Estado próprio no território contestado. Com o nome Missões e uma bandeira própria, foi estabelecido um governo provisório em União da Vitória.
O governo do Paranpa assinou um compromisso com o governo do Estado das Missões, buscando recuperar a terra do Contestado, caso não ocorresse, apoiaria a consolidação do novo Estado.

2. Causas que intensificaram e deram inicio ao conflito armado: Guerra do Contestado

  • Os coronéis queriam integrá-la ao seu território para ampliar suas terras;
  • Empresas modernas e estrangeiras, como a Southem Lumber and Colonization, obtiveram autorização para explorar madeira da região;
  • A construção da estrada de ferro Madeira-Mamoré expulsou das terras diversas famílias e posseiros que ali viviam, entre outros conflitos.
O problema intensificou-se a partir de 1908 com a construção de um trecho da estrada de ferro São Paulo – Rio Grande. Iniciada por uma firma francesa, a concessão passou à companhia norte-americana  Brazil Railway  S. A., de Percival Farquhar, que em pouco tempo englobou várias empresas. Como pagamento, a empresa recebe uma doação de mais de seis mil quilômetros quadrados de terras, cobertas com mais de quinze milhões de árvores em “idade de corte”. Numerosos trabalhadores de outros Estados, sobretudo cariocas e pernambucanos, foram levados para a região.
Para cumprir um dos termos do contrato, a companhia deu início à colonização de quinze quilômetros de cada lado da via férrea. Porém, não levou em consideração que nessa área já existiam alguns fazendeiros estabelecidos, que ficaram descontentes com a interferência da companhia em suas terras. Concluída a construção da ferrovia, em 1910, cerca de oito mil trabalhadores ali permaneceram, desocupados, apesar da promessa de serem trazidos de volta aos seus Estados. Uma desenfreada especulação desalojou das terras devolutas numerosas famílias de posseiros que ali haviam se instalado gerando, insegurança e descontentamento. As terras passavam, todas, às mãos de companhias colonizadoras, na maioria, estrangeiras.

Em 1911, a Lumber, poderosa empresa  madeireira ligada a Brazil Railway, estabeleceu-se na zona contestada, instalando a maior serraria da América do Sul, capaz de serrar mil e duzentas dúzias de tábuas de quatro metros de comprimento por dia. Essa companhia tinha autorização para explorar a madeira da região, comprometendo-se pela colonização.
Essa atividade afastava a possibilidade de um acordo entre o Paraná e Santa Catarina, pois ambos queriam ficar com a posse da região, onde se esperava um grande desenvolvimento.

3. Monges

Em 1911 surgiu um curandeiro, José Maria de Santo Agostinho, ao redor do qual se constituiu um grupo de adeptos que passaram a venerá-lo. Dizia-se irmão do “monge” João Maria, dirigia terços, recitava narrativas sacras e contava ao povo histórias de Carlos Magno e dos Doze Pares de França. Pouco se sabe do seu passado, além do que teria sido praça do exército e desertor da polícia militar paranaense e de que, na verdade, chama-se Miguel Lucena de Boaventura. Também conhecido como “monge”, distinguia-se, contudo do seu antecessor por várias características, inclusive pela frouxidão de costumes.



João Maria, o primeiro, cujo nome verdadeiro era Anastas Marcaf, de nacionalidade francesa, era um tipo acético, eminentemente pacífico, pregava a submissão e a humildade, não recolhia dádivas, praticou a caridade e foi um médico, um pai e um amigo dos pobres, era um andarilho e não queria ser acompanhado pelo povo. Desapareceu no outro lado do rio Pelotas, fronteira com o Rio Grande do Sul.
José Maria tornara-se o novo Messias, ao contrário do andarilho que procedera, inaugura no Planalto catarinense o messianismo instalado no “quadro santo”, um acampamento de fanáticos, misto de convento e de hospital. José Maria é o chefe místico que aglutina revoltosos armados.
José Maria e seus seguidores formaram um arraial em Taquaruçu, no município catarinense de Curitibanos. Ali dominava o “coronel” Francisco de Albuquerque, que se mostrou preocupado com o crescimento da influência “monge” e telegrafou ao governador de Santa Catarina, denunciando que os fanáticos haviam proclamado a monarquia. Seguiu então, ao local, um contingente de tropas estaduais. Após quatro horas de resistência ao fogo de artilharia, aos jagunços bateram em retirada.


Acompanhado por seu bando de adeptos, José Maria refugiou-se em Irani, no município de Palmas, Paraná, onde já tinha vivido anteriormente. No início do mês de outubro de 1912, começaram a chegar as primeiras notícias sobre o movimento dos jagunços chefiados pelo monge José Maria, que bem aparelhados promoviam todo tipo de desordens nos campos de Palmas.
Alterada a ordem pública no município de Palmas, o governador do Estado determinou o seguimento da tropa para a localidade de Palmas que, seguiu viagem no dia 13 de outubro, indo de trem, até União da Vitória, de onde prosseguiu a pé e a cavalo, até os campos de Palmas e Irani.
José Maria afirmava que nada tinha contra o governo do Paraná e que apenas fugia com sua gente da perseguição do “coronel” Albuquerque. Rejeitou, entretanto, uma intimação que lhe foi dirigida em 20 de outubro de 1912 pelo comandante do Regimento de Segurança do Paraná, coronel João Gualberto, para que viesse ao acampamento da força estadual “explicar o motivo da reunião de gente armada em torno de sua pessoa”, porém José Maria não reconheceu o valor do bilhete, porque estava “escrito a lápis”.

4. Combate de Irani
De todo o efetivo deslocado (265 homens), boa parte da tropa deslocou-se para a localidade de Palmas-PR, pois havia indícios de que ocorreria um ataque naquela localidade. Sendo assim, o resto da tropa fracionada se deslocou para Irani com um efetivo de 64 homens.
Na madrugada do dia 22 de outubro, aproximadamente às 3:30 horas, este destacamento colocou-se em marcha forçada, e ao atravessar o rio caçadorzinho, uma das mulas se assustou por causa de uma vela acesa por um caboclo que servia de guia, mula esta que carregava a metralhadora Maxim, derrubando-a na água, sendo a culpa atribuída com dureza pelo Cel João Gualberto ao Anspeçada de nome Paixão dizendo “Morto agora, você não me pagava o que fez”, sendo que o subordinado respondeu que a culpa foi do caboclo que conduzia a mula. E como a fita da metralhadora era feita de lona, esta veio a estufar, e ao chegar na localidade do Irani por volta das 6:30 horas, foi a pequena coluna atacada por um elevado grupo de fanáticos, cercando-a, e ao ser utilizada a metralhadora foi conseguido dar apenas três disparos pelo próprio Coronel João Gualberto, a mesma veio a “engasgar” tornando-se obsoleta, onde obrigaram seus componentes a uma reação heroica, na qual valentemente tombaram o comandante e alguns de seus comandados, ficando outros feridos, entre eles destacando-se o bravo Sarmento, que então tinha o posto de Alferes.
José Maria foi morto em combate pelo 2º Sargento Joaquim Virgílio da Rosa. Os jagunços, superiores em número e usando facões, foices, machados e armas de fogo, repeliram a tropa paranaense.


Após o combate do Irani, o grupo dispersou-se. Surgiu então a crença de que José Maria não morrera, mas reapareceria numa “cidade santa” ou “quadro santo” como eram conhecido os redutos.  Também os fanáticos mortos em combate ressuscitariam. Criou-se mais uma entidade mitológica, o “exército encantado” ou “exército de São Sebastião”.
No início de dezembro de 1913, formou-se em Taquaruçu, município de Curitibanos, Santa Catarina, um novo acampamento, chefiado por Eusébio Ferreira dos Santos homem de bons precedentes, pequeno negociante, crente de monge, que não estivera presente no combate, mas acreditava firmemente na ressurreição do taumaturgo, tanto mais que, por duas vezes, tinha ele “voltado” ao convívio de seus fiéis. A neta de Eusébio, a “virgem”, Teodora de 11 anos, vira em sonhos o “monge”, que em espírito continuava a comandar a luta, mas pelo pouco poder de persuasão, a menina foi substituída pelo filho de Euzébio, de nome Manoel, de 17 anos, que passou a receber as ditas visões, mas queria andar com três ”virgens” (como assim o Monge José Maria costumava andar acompanhado), para melhorar a comunicação, porém em menos de um mês as “virgens” deixaram-na de ser, Manoel foi banido do reduto depois de ser castigado fisicamente, e nunca mais se soube de seu paradeiro, porém não ficou por aí, quem passou a receber as visões foi um sobrinho de Euzébio de nome Joaquim, de 15 anos, ou seja, o monopólio das visões não saíram da mão de Euzébio.
Atacado por tropas vindas de Florianópolis, esse reduto veio a desdobrar-se em múltiplas fortificações de guerrilheiros e em sucessivas “cidades santas”, prontas para resistir aos “peludos”, como chamavam aos soldados do governo. Os seguidores de José Maria usavam fitas brancas no chapéu, raspavam a cabeça e eram conhecidos como “pelados”, de modo que a guerra do Contestado ficou conhecida também como a “guerra dos pelados”.
O Regimento de Segurança do Paraná também teve outras participações na guerra do contestado, a exemplo do Batalhão Tático.

 

 5. Utilização do avião na Guerra do Contestado:

A Guerra do Contestado marcou o inicio da utilização de aviões de combate no Brasil, porém, a estreia foi marcada por uma tragédia.
A pedido do general Setembrino de Carvalho o piloto tenente Ricardo Kirk deveria sobrevoar o território do contestado para realizar um reconhecimento das áreas tomadas pelos caboclos e auxiliar nas posições de tiro e no avanço da infantaria.
Kirk conseguiu que abrissem campos de pouso em União da Vitória, Caçador e Fazenda Claudino, nas áreas com mata densa, os militares estendiam lençóis sobre as araucárias para identificar as pistas de pouso.
Infelizmente, o piloto de 39 anos faleceu com a queda do avião ao sobrevoar trecho entre Caçador e União da Vitória, fazendo com que os militares desistissem de utilizar aviões no conflito.

6. Acordo

A campanha do Contestado custou aos cofres públicos a quantia de 3 mil contos de réis, quantia elevadíssima para a época. Encerrada a luta armada, o Presidente da República Venceslau Brás, juntamente com os governadores de Santa Catarina e Paraná, Srs. Felipe Schmidt e Afonso Camargo, em 20 de outubro de 1916, assinaram o acordo de limites, pondo um fim ao litígio territorial.


Fontes utilizadas e para pesquisa:

Apostila de Estudos para Concursos de Prendas e Peões birivas MTG-PR
Fabiola Weinhardt Jazar, Manoela Zortéa Guidolin e Geomara Kavilhuka.

Site da Policia Militar do Paraná: http://www.pmpr.pr.gov.br/Pagina/Campanha-do-Contestado
Neste site você encontra muitas fotografias e imagens sobre a Guerra do Contestado, vale a pena conferir!!

Conhecimento Científico: https://conhecimentocientifico.r7.com/guerra-do-contestado-o-conflito-que-desafiou-a-republica-velha/

 1º Aviador - Estadão: https://politica.estadao.com.br/noticias/geral,primeiro-aviador-de-guerra-brasileiro-morre-antes-do-ataque-final,834540



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