O Brasil abriga hoje a maior comunidade ucraniana da América Latina, contando com mais de 1 milhão pessoas, entre ucranianos e descendentes, 80% deles vivendo no estado do Paraná. A Rússia é responsável por essa imigração devido aos conflitos com a Ucrânia desde o fim da União Soviética.
Os ucranianos formaram o segundo maior contingente eslavo a imigrar para o Brasil, perdendo apenas para os poloneses.
A imigração de ucranianos para o Brasil começou efetivamente nos anos
de 1895-96. Em apenas dois anos, cerca de 15 mil ucranianos
desembarcaram no Brasil. A grande maioria foi encaminhada para o Paraná, onde tornaram-se pequenos agricultores.
Até a década de 1920, aproximadamente 50 mil ucranianos imigraram para o Brasil, a maior parte proveniente da Galícia. O número de imigrantes, de fato, deve ter sido ligeiramente maior, tendo em vista que parte da Ucrânia estava dominada pelo Império Austro-Húngaro e pela Polônia, e muitos imigrantes possuíam passaporte austríaco ou polonês.
Durante a década de 1960 muitos reemigraram para os Estados Unidos e
principalmente o Canadá onde a comunidade ucraniana era bem maior e
obtinha muitos mais benefícios do governo canadense para se estabelecer
em fazendas.
Os
descendentes de ucranianos no Brasil constituem hoje uma comunidade de
mais de 500 mil pessoas e estão localizados em sua maioria – cerca 80%,
ou seja, acima de 400 mil – no Paraná e os demais principalmente ao
norte de Santa Catarina, mas também no Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio
de Janeiro, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rondônia, Brasília, Minas
Gerais e demais Estados. No Paraná a maior concentração de ucranianos
encontra-se em Curitiba, com aprox. 55.000 pessoas (cerca de 3% da
população local), mas o maior percentual local ocorre no Município de
Prudentópolis, onde numa população de acima de 50 mil, os habitantes de
origem ucraniana somam mais de 38 mil, ou seja cerca de 75% da população
local, seguido de Mallet, onde o percentual de descendentes de
ucranianos gira em torno de 60%, Paulo Frontin – aprox. 55 %, Ivaí e
Antônio Olinto – aprox. 45%, Rio Azul e Roncador – aprox. 30%, União da
Vitória e Paula Freitas – aprox. 25%, Cruz Machado
e Pitanga – aprox. 20%, Irati – aprox. 12%; em outras cidades o percentual é abaixo de 10%
Religião
A Igreja Ortodoxa Ucraniana no Brasil, sob a jurisdição do Patriarcado Ecumênico de Constantino-pla, tem 1 arcebispo, 2 protopresbíteros mitrados e 8 padres, 4 subdiáconos, 18 igrejas e 2 padres atuando fora do Brasil.
Nas diversas comunidades locais atuam Grupos Folclóricos – atualmente 24, sendo os mais antigos o Barvinok (Curitiba-1930), Vesselka (Pruden-tópolis-1958), Kalena (União da Vitória/Porto União-1969), Poltava (Curitiba-1985).
As missas (articularmente acho-as lindas), são realizadas em ucraniano, e os ritos são cantados.
As igrejas são uma obra de arte a parte.
Grande parte das igrejas foi construída no século 19: elas normalmente têm uma torre sobre os telhados, com base octogonal e que acaba com uma cúpula que parece a silhueta de uma pera. “A cúpula acabou virando o símbolo dos ucranianos no Brasil” (Marialba Gaspar Imaguire, arquiteta).
A cúpula, segundo Marialba, é quase sempre aberta na parte que fica no interior da igreja, para seguir a lógica de canalizar as orações ao céu. “É uma arquitetura semelhante à das igrejas russas, mas os próprios ucranianos negam isso, provavelmente por causa da ocupação russa na Ucrânia”, afirma. Algumas igrejas chegam a ter pequenas varandas na entrada. As três mais antigas do Paraná são as igrejas de São Miguel de Arcanjo (em Dorizon), Nossa Senhora da Imaculada Conceição (Antônio Olinto) e Espírito Santo (General Carneiro). “Percebe-se nesses primeiros templos a perpetuação no Paraná da constituição do sistema construtivo da Ucrânia”, diz Marialba. Internamente a obra de arte também se repete. As igrejas têm pinturas bastante coloridas, feitas com a técnica estêncil, muitas com padrões geométricos que mais parecem bordados e pinturas de pêssankas. As pinturas podem ainda representar tapetes, cenas do cotidiano ou buscar reflexões espirituais.
(Você pode encontrar maiores informações neste link: https://pessanka.wordpress.com/2010/12/02/igrejas-ucranianas-frutos-de-uma-arquitetura-abencoada/
Danças
Ao longo dos séculos, o povo ucraniano criou uma cultura distinta, que reflecte a sua vida multifacetada. Um dos seus tesouros mais valiosos é a arte de dança. Os melhores exemplos de arte popular de dança foram preservados e chegaram até hoje. Entre as danças, que permanecem agora estão: hopak, kazachki, huculka, kolomyiky, khorovod, polca e também número de danças temáticas - "koval","grechka","arkan" e muito mais.
A dança folclórica ucraniana tem três gêneros principais: khorovodes, domésticas e temáticas.
Dança ucraniana tem um lugar de destaque entre as realizações culturais do povo. A grande popularidade da dança ucraniana no nosso país e no exterior é devido a uma riqueza inesgotável de temas e assuntos, a sinceridade, ao entusiasmo alegre e humor. Nas imagens de dança revelou o carácter nacional do povo, refletidas nos fenômenos tirados directamente da sua vida e do trabalho, natureza mãe, etc. Disponibilidade de recursos internos e arroz brilhante, combinada com uma técnica magistral, dá cores originais a dança ucraniana.
Dança é uma arte que existe no tempo e no espaço. Ela vive no momento da execução. Sem execução pode ser imaginada somente por provas. Durante a longa história do povo a dança mudou e enriqueceu. Nela encontraram o seu reflexo heroísmo da luta, a alegria de trabalhar, jogar, melodias líricas associadas com épocas diferentes .
A imagem coreográfica de khorovod está condicionada com texto. Muitas
vezes a imagem de khorovod está sujeita com forma narrativa do texto: se
o sentido do texto é revelado no diálogo, os artistas estão divididos
em dois grupos ou um deles separa-se como solista e vai para o centro de
circulo. Quando o conteúdo do texto é revelado sob a forma de história
costume, os participantes de dança de khorovod não fazem qualquer
divisão em grupos. Usando movimentos e gestos revela-se o conteúdo. As
melodias de khorovodes são geralmente profundas, significativas e
emocionalmente expressivas. No entanto, elas são muito simples e
portanto fáceis na interpretação.
As danças domésticas têm o seu origem de danças de khorovod. Este género é o mais antigo e está na base da dança folclórica ucraniana. Nelas reflectem-se os traços significativos de carácter ucraniano: amor à liberdade, heroísmo, perseverança, criatividade, inteligência, alegria etc. Essas danças são acompanhadas pelas melodias, são muito diferentes em carácter, ideológica e de conteúdo emocional. Danças domésticas é uma parte integral da vida diária.
As danças domésticas têm o seu origem de danças de khorovod. Este género é o mais antigo e está na base da dança folclórica ucraniana. Nelas reflectem-se os traços significativos de carácter ucraniano: amor à liberdade, heroísmo, perseverança, criatividade, inteligência, alegria etc. Essas danças são acompanhadas pelas melodias, são muito diferentes em carácter, ideológica e de conteúdo emocional. Danças domésticas é uma parte integral da vida diária.
Culinária
A cozinha é a herança nacional de um povo como a língua, a literatura, a arte e arquitetura. Cada povo tem a sua cozinha, sua maneira específica em preparar e servir as refeições.
A cozinha ucraniana formou-se durante séculos. Destaca-se pela variedade de pratos, gosto refinado e valores nutritivos. Com o passar do tempo a tecnologia evoluiu aperfeiçoando as condições de preparo.
Já no perído da cultura Trypilia ( 5 mil anos AC ) os eslavos cultivavam grãos: aveia, centeio, trigo. Aos mesmo tempo criavam e cuidavam dos animais: gado e suínos. Exploravam a caça e a pesca.
Os ucranianos quando vieram ao Brasil trouxeram a sua experiência na produção desses produtos alimentares e aqui buscaram reproduzir sua culinária e sabores.
Os ucranianos também desenvolveram iguarias que hoje são apreciadas por todos. Exemplo é a Cracóvia.
“Krakóvia, como foi batizado na sua origem, ou Cracóvia como é conhecido em todo o Paraná, é um salame produzido artesanalmente desde a década de 1970 por descendentes de ucranianos, que seguem as tradições dos antepassados que ali chegaram no século XIX e constituíram uma forte colônia.
Este embutido é feito com carne suína selecionada, não podendo ser congelada; alho, sal e pimenta; embalagem plastificada ou tripa natural e defumação moderada (até a lenha deve ser escolhida para se fazer o fogo).
Segundo a Prefeitura de Prudentópolis, este embutido teve origem na década de 1960. Surgiu no Açougue Alvorada, de propriedade de descendentes de ucranianos, a família Opuchkevitch. Numa manhã, os donos da casa fizeram uma mortadela diferente e mostraram a Lucas Usoski, velho polonês dono de uma churrascaria e freguês exigente. Declarando que o produto era muito bom, mas precisava de um pequeno aperfeiçoamento e um nome que chamasse atenção, batizou-o então de Krakovia, famosa cidade polonesa. Sendo o fabricante ucraniano e o produto de nome polonês, todos iriam querer experimentar a nova mortadela.
Alguns pratos típicos são: Perohê (Pirogue), Borshch (sopa de beterraba), Kutiá (Doce feito com grãos de trigo, tradicionalmente servido nas festas de fim de ano).
Artesanato
O artesanato é uma grande tradição na Ucrânia, e inclui trabalhos como bordados ( tolhas chamadas de Rushneks, camisas e roupas ), xilogravura, pintura de bonecas e de ovos típicos, as famosas pêssankas.
Há indícios de que os ucranianos produziam as pêssankas desde 3.000
a.C., com ferramentas rústicas e desenhos nem tão elaborados como os de
hoje em dia. Como os ucranianos veneravam a natureza, antes da conversão
ao cristianismo, na Festa da Primavera ofereciam presentes ao deus
Dajbóh, equivalente a Apolo, e entre eles sempre se encontravam as
pêssankas.
Quando o Príncipe Wolodymir adotou o cristianismo como religião
oficial do país, o clero adaptou a arte dos ovos decorados à nova
realidade, e eles passaram a ser uma tradição de páscoa.
Ao longo de sua história, a Ucrânia passou por muitas dificuldades
políticas, ligadas a domínios sobre seu território, guerras e comunismo,
mas as pêssankas nunca deixaram de ser um sinal da tradição do povo, e
quando a independência do país foi decretada em 1991, elas passaram a
ser um símbolo de longevidade para o país.
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